O Melhor Filme do Mundo
Written on 13:32 by BillyCapra
Como nunca encontrei palavras para descrever essa obra, deixei para o profissional que parece te vivido o filme em todas as suas fases:
"Vi A Doce Vida pela primeira vez em Londres, no verão de 1962, em um pequeno cinema no Piccadilly Square. Eu dei uma aula sobre ele, analisando-o quadro a quadro, na Universidade do Colorado, em Boulder, em 1972 e depois em 1982, 1992 e 2002, com um ano para mais ou para menos. Já o vi inúmeras outras vezes, mas aquelas exibições a cada década me ajudaram a medir a inexorável passagem do tempo.
Em 1962, Marcello Mastroianni representava tudo o que eu sonhava conseguir. Ele era um colunista de jornal; flertava com mulheres bonitas; ficava acordado a noite toda bebendo e festejando; percorria a cidade testemunhando incidentes interessantes; era um exausto (mas romântico) herói existencial.
Dez anos depois, ele representava o que eu tinha me tornado; ao menos até o limite em que Chicago oferecia as oportunidades de Roma. Dez anos depois disso, em 1982, ele era o que eu havia escapado de ser depois de ter parado de beber excessivamente e de destruir minha saúde. Em 1992, ele era um jovem impulsivo com uma fraqueza pelo romance. Já em 2002, era o herói de um filme clássico, com mais de 40 anos de existência, e que me obrigava a ensinar para o público as virtudes do preto-e-branco. A esta altura, Mastroianni estava morto.
E, ainda assim, o filme não mudou um quadro sequer em todos estes anos."
Roger Ebert, traduzido por cinemaemcena.